terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Neguinho

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Meu neguinho tem medo de ser baiano.

diz que, pra lá...
só tem tosco carregador.
diz que, de lá...
só vem sonso sem protetor.
atrapalhador, dos afazeres do mundo-cão.

pra onde chego é donde venho?
e donde venho, doutor, é o que fica?

o Dono da comida, esse que ria, falou:

- Neguinho sem-vergonha, sem prestança,
volta pra tua casa que nem casa tu tem!

deu vertigem
deu vergonha
em mim, e no neguinho.
lufada abafada de lágrima na venta.
chorei, fundo:
eu sou o neguinho!

é de ódio doutor! é de ódio!
baixo firme, nos olvido do neguinho:

- Neguinho é do mundo!
neguinho nem dono tem.

neguinho sorriu.
por isso o poema termina.


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