quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Revolvida.

Esta noite andei
pelas ruas de Lisboa
e “calles” d’Espanha
pra me descobrir mestiça.

Moura d’África,
gema pernambucana,
cabeça chata,
perna fina, e muita,
muita gana,
(alguma preguiça).

Noite em que me vesti
de odalisca,
rompi correntes,
dancei samba;
porque enfim descobri:
meu coração é d’África,
das águas mediterrâneas!

Lá de onde tudo emana
e se explica
a cabocla urbana,
nem preta, nem branca,
mas cáustica: - saariana.

Nesta noite desvendei
a raiz mais profunda
do que nunca sossega
em minh’alma aflita
e sempre disposta
ao amor e à luta:

Fui a Portugal, a Espanha,...
dei n’África:
retornei mais humana.

(m. r.)